Como lidar com as ações da Petrobras após os últimos acontecimentos?
15 Maggio 2024 - 6:47PM
Newspaper
Só se fala em Petrobras no mercado financeiro do Brasil nesta
quarta-feira (15). A estatal voltou ao centro da pauta econômica
após a saída de Jean Paul Prates da presidência da empresa, a
indicação de Magda Chambriard, ex-ANP.
As ações da empresa despencam na B3, enquanto o nome de Clarice
Coppetti surge para o comando interno da petroleira. Mas, afinal,
como tudo isso afeta o investidor? Confira as principais perguntas
e respostas sobre o assunto.
Como o mercado reagiu?
Mal. Os agentes viram a troca como mais um sinal ruim de
intervenção do governo na gestão da estatal e como um movimento
para alinhar a gestão aos interesses do Planalto, o que pode trazer
menor geração de caixa para a empresa no futuro.
O Goldman Sachs diz que “baseado em conversas com investidores,
acreditamos que o mercado via Prates como um bom conciliador entre
as demandas do governo e investidores e o anúncio (de sua saída)
pode reacender preocupações com a intervenção política na operação
da companhia”. Já o Santander escreve que a mudança “aumenta as
incertezas no case de Petrobras, principalmente sobre a alocação de
capital”.
Como fator mitigante de risco, os bancos destacam que a lei das
estatais e a governança interna da empresa podem dificultar
mudanças bruscas de políticas.
E os dividendos, como ficam?
Aqui está um grande ponto de interrogação. Embora a nova CEO da
Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) seja, na visão do mercado, mais
alinhada aos interesses do governo, qualquer mudança radical pode
esbarrar em questões legais.
A XP descarta grandes alterações na distribuição dos lucros,
pelo menos no curto prazo. “Por enquanto, a gente não espera
mudança significativa nos dividendos”, disse Helena Kelm, analista
de óleo, gás e petroquímicos da XP, que participou hoje do Morning
Call da XP.
Mas, para Flavio Conde, head de análise da Levante, há motivos
para se preocupar a partir de agosto, quando a estatal apresenta os
resultados do segundo trimestre. “Agora, a chance de distribuição
de dividendos extraordinários diminui consideravelmente, o mercado
precifica hoje uma parte desse movimento e deve haver nova revisão
após a confirmação da não distribuição”. Portanto, o analista prevê
nova queda no papel quando (e se) houver a confirmação de que a
Petrobras passará a distribuir dividendos apenas no modelo mínimo
da companhia.
A Guide, umas das corretoras que recomendaram PETR4 para a
carteira de dividendos em maio, disse, em relatório, que espera o
fim da distribuição de dividendos extraordinários.
Quais as perspectivas para o futuro da
empresa?
Aqui, há uma preocupação que conversa com o receio de dividendos
menores. Se a empresa não vai mais distribuir dividendos
extraordinários, onde esse dinheiro será investido? Uma das apostas
do mercado é de que haja mais investimentos em refinarias para ter
mais controle dos preços dos combustíveis e depender menos do
mercado internacional, especialmente no diesel.
Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, diz que a casa
não adota pessimismo, mas pondera que investimentos como subsídios
para a gasolina “seriam muito ruins, porque faria a empresa entrar
numa espiral de endividamento”. Por outro lado, se houver aumento
de R$ 5 bilhões a R$ 15 bilhões no programa de investimentos “seria
ruim, mas não tanto quanto o subsídio”.
Os analistas se preocupam com o retorno financeiro que a
Petrobras pode oferecer daqui para frente. Com a empresa deixando
de focar em sua principal atividade, a extração de petróleo em
águas profundas, seu lucro pode ser menor e, consequentemente, a
ação deve sofrer impactos significativos.
Devo comprar, vender ou manter as ações?
Mesmo com o possível corte dos dividendos extraordinários, a
Guide mantém a recomendação de compra para Petrobras, mas a
indicação deve ser revisada: “as prováveis alterações na estratégia
da estatal serão chave para tomarmos nossa decisão de
recomendação”.
O BTG Pactual, que também colocou a ação em sua carteira de
dividendos em maio, manteve a recomendação de compra. “Preferimos
nos manter consistentes com nossa decisão anterior e evitar a
reação exagerada a movimentos repetidos de governança”, diz o
banco.
Já Conde, da Levante, diz que a tese de investimento na
Petrobras “perde força”, já que a grande vantagem da estatal, que
tem precificação descontada frente a concorrentes internacionais,
estava no pagamento de dividendos robustos. “Essa tese fazia muitos
investidores ficarem na Petrobras aguentando riscos políticos”.
O Santander, que colocou a ação da Petrobras como ação de maior
peso em sua carteira de Ibovespa em maio, emitiu ontem relatório
com recomendação neutra para o papel. O banco diz que discussões
sobre os investimentos da estatal e crescimento tímido da produção
“podem desencorajar uma visão otimista de investidores para a ação
no curto prazo, apesar do dividend yield sólido, considerando a
distribuição de metade dos dividendos extraordinários”. Dividend
yield é o retorno de uma ação apenas com dividendos.
Informações Infomoney
Grafico Azioni PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Storico
Da Ago 2024 a Set 2024
Grafico Azioni PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
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