O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 9,515
bilhões no terceiro trimestre de 2024, aumento trimestral de 0,1% e
anual de 8,3%.
O Ebitda recorrente somou R$ 1,706 bilhão de julho a setembro,
alta de 5,5% na comparação anual e queda de 3,6% em relação ao
segundo trimestre. A margem Ebtida caiu para 70% no terceiro
trimestre, 226 pontos-base abaixo do terceiro trimestre de 2023 e
325 pontos-base abaixo do segundo trimestre.
A carteira cresceu 13,0% em um ano, para R$ 1,205 trilhão.
A carteira do BB foi puxada novamente pelas operações para o
segmento agro, que cresceram 13,5% em um ano e chegaram a R$
386,571 bilhões. Mesmo com o atraso no Plano Safra, o banco
observou crescimentos relevantes nas linhas de custeio (+19%),
investimento (+16,5%) e comercialização (+38,5%). Cerca de um terço
da carteira da instituição é destinada ao agronegócio, segmento que
historicamente tem inadimplência mais baixa.
No crédito para pessoas físicas, o saldo de operações foi de R$
328,267 bilhões no final do trimestre, um aumento de 7,9% em 12
meses. No comparativo anual, o banco afirma que o crédito
consignado, que cresceu 11,2% em um ano, foi o motor de alta.
Na carteira para pessoas jurídicas, o BB tinha R$ 421,583
bilhões em operações, 13,5% acima do volume observado no segundo
trimestre deste ano. Capital de giro (+3,9%), investimento (+23,7%)
e adiantamentos de contratos de câmbio e de exportação (+34,7%)
impulsionaram o número.
A margem financeira do BB, que mede o resultado com operações
que rendem juros, foi de R$ 25,870 bilhões, crescimento de 9,3% em
um ano, puxada pela área de captação institucional, que avançou
10,9%. A margem com clientes foi de R$ 20,797 bilhões, 1,1% maio
que no mesmo intervalo de 2023, e 4,8% maior em três meses. O
resultado da tesouraria foi de R$ 10,868 bilhões, baixa de 16,8% em
um ano e de 0,1% em um trimestre.
A receita do banco com serviços foi de R$ 9,096 bilhões, alta de
4,9% em um ano. O número foi impulsionado pela linha de
administração de fundos, que somou R$ 2,456 bilhões no terceiro
trimestre, alta de 14,2% na comparação interanual.
O BB fechou o trimestre com R$ 2,470 trilhões em ativos, aumento
de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado, e alta de 4,5%
em três meses. O patrimônio líquido ficou em R$ 187,419 bilhões,
alta de 9,9% em um ano.
As receitas totais somavam R$ 2,711 bilhões, 8,9% acima do mesmo
trimestre de 2023 e 0,6% abaixo do segundo trimestre.
A inadimplência, por sua vez, chegou a 3,3% em setembro, ante 3%
em junho e 2,8% em setembro de 2023. Para pessoa física, o
indicador de atrasos foi de 5,03% ante 4,81% e 5,02% em igual base
de comparação. Já para empresas, atingiu 3,58%, de 3,38% e 3,04%. E
no agronegócio, foi para 1,97%, de 1,32% e 0,71%
respectivamente.
As despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD)
atingiram R$ 10,086 bilhões, com crescimento de 29,2% no trimestre
e de 34,2% em 12 meses.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) passou para 21,1%, de
21,3% no terceiro trimestre de 2023 e 21,6% no trimestre
imediatamente anterior. A margem financeira bruta aumentou 9,3%,
para R$ 25,87 bilhões.
O Banco do Brasil encerrou o terceiro trimestre deste ano com
índice de Basileia de 14,7%, 1,5 ponto porcentual (p.p.) abaixo do
registrado no mesmo período do ano anterior.
O índice de Basileia mínimo exigido dos bancos brasileiros é de
11,5%. O índice mede a solidez financeira dos bancos frente aos
compromissos exigidos na carteira de crédito.
O índice de capital de nível 1 do banco, de maior qualidade,
estava em 13,5%, uma queda de 1,1 ponto no comparativo anual. Já o
índice de capital principal era de 11,8%, 0,7 p.p. menor que 12
meses antes.
Segundo o BB, a movimentação no capital principal veio
principalmente do aumento da carteira de crédito do banco.
Revisão no guidance
Junto com os resultados, o BB também divulgou revisão de
projeções, com elevação da estimativa de provisão para
inadimplência em 2024.
O BB prevê uma Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa
(PCLD) ampliada entre R$ 34 bilhões e R$ 37 bilhões em 2024, versus
projeção anterior entre R$ 31 bilhões e R$ 34 bilhões.
Já para despesas administrativas, o banco estatal projeta
crescimento entre 5% e 7%, versus estimativa anterior de entre 6% e
10%.
Os resultados da Banco do Brasil (BOV:BBAS3) referentes
às suas operações do segundo trimestre de 2024 foram divulgados no
dia 07/08/2024.
VISÃO DO MERCADO
xEncerrando a temporada do terceiro trimestre de 2024 (3T24) dos
bancões, o Banco do Brasil divulgou números pouco animadores para o
período, ainda que o lucro ajustado tenha ficado em linha com as
projeções, por volta de R$ 9,5 bilhões. Às 10h30 (horário de
Brasília), os ativos caíam 3,78%, a R$ 24,97.
Para a XP, o BB registrou resultados negativos no 3T, impactados
principalmente por um aumento significativo na provisão para perdas
com empréstimos (+29,2% trimestre a trimestre e +34,2% na base
anual), em grande parte devido ao segmento de agronegócios.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) segue forte, ainda
que em leve queda, uma vez que passou para 21,1%, de 21,3% no
terceiro trimestre de 2023 e 21,6% no trimestre imediatamente
anterior.
Além disso, após o fraco desempenho da inadimplência, o BB teve
que revisar seu guidance para o de provisões pelo segundo trimestre
consecutivo.
O BB agora estima que as provisões para créditos de liquidação
duvidosa (PCLD) fiquem entre R$ 34 bilhões e R$ 37 bilhões no ano,
versus projeção anterior entre R$ 31 bilhões e R$ 34 bilhões. No
terceiro trimestre, essa linha somou R$ 10 bilhões, acumulando em
nove meses R$ 26,4 bilhões.
“Embora um desempenho negativo no segmento agrícola tenha sido
amplamente antecipado pelos investidores, não descartamos um
possível impacto negativo em suas ações em decorrência desse
resultado trimestral”, avaliam os analistas da XP.
O Bradesco BBI acredita que o Banco do Brasil apresentou
tendências desafiadoras e de números de pior qualidade, apesar de
um lucro líquido amplamente em linha, onde também destaca uma
deterioração significativa na qualidade dos ativos do agronegócio,
o que pressionou as despesas de provisão, enquanto o benefício de
uma taxa de imposto efetiva menor em cerca de 5% (versus 2T24 e
esperado pelo BBI de cerca de 20%) apoiou o lucro líquido em
linha.
“Notavelmente, o portfólio renegociado do banco aumentou no
trimestre, enquanto ocorreu uma ligeira redução no índice de
cobertura [que representa a proporção que a provisão para risco de
crédito é capaz de cobrir os créditos inadimplentes]. Do lado
positivo, notamos as melhores despesas operacionais, o que também
levou à revisão da orientação, enquanto o portfólio do Banco do
Brasil continua crescendo perto da faixa superior do guidance em
11% na base anual (versus a orientação de 8-12%)”, avalia o
BBI.
O Itaú BBA também aponta resultados mais fracos do que o
esperado. “Enquanto as receitas praticamente corresponderam às
estimativas, aumentando 2% no trimestre, as despesas com provisões
aumentaram 20% principalmente em Agro, levando a uma perda de 16%
no lucro antes dos impostos. Uma menor taxa de imposto de renda
amorteceu essa tendência para uma perda de 2% no lucro. Os índices
de inadimplência aumentaram 30 pontos-base (bps), a cobertura caiu
e a empresa revisou a orientação para provisões, implicando um
ritmo semelhante no 4T, mantendo as outras linhas (incluindo a
faixa de lucro líquido)”, avalia a equipe do banco.
Assim, o 3T do BB fecha a temporada de lucros com uma tendência
divergente no custo do risco em relação a outros participantes e
desempenho semelhante da margem financeira (NII), aponta o banco,
que ressalta que os níveis gerais de retorno ainda estão bons, mas
o passo de lucros mais “suaves” deve pesar nos múltiplos e revisões
de lucros.
O JPMorgan também avalia que, embora as expectativas do mercado
fossem baixas, já que dados regulatórios e fluxo de notícias
indicaram uma piora na qualidade dos ativos para o agronegócio,
ainda vê esse conjunto de resultados como mais fraco do que o
esperado e tem uma primeira opinião negativa.
Para o Goldman Sachs, embora as condições agro fossem um tanto
esperadas, a magnitude das provisões foi uma surpresa. O Goldman
Sachs segue com recomendação de compra, equivalente à recomendação
do JPMorgan (overweight, ou exposição acima da média do mercado) e
da XP. “Reafirmamos nossa visão de que o BB ainda está negociando a
múltiplos com desconto e mantemos nossa recomendação de compra para
BBAS3“, avalia a XP.
Já o Itaú BBA reitera recomendação marketperform (desempenho em
linha com a média do mercado), enquanto o Bradesco BBI tem
recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 32.
A Genial Investimentos, por sua vez, tem recomendação de compra
com preço-alvo de R$ 34 (ou potencial de alta de 31%). A casa de
research reforça a visão de que, apesar do lucro ter ficado em
linha, a qualidade dos ativos rurais deteriorou mais rapidamente do
que esperava, o que exigiu um aumento substancial nas provisões no
trimestre, compensado por uma alíquota de imposto bem reduzida, o
que, embora tenha sustentado o lucro, indicou uma piora na
composição da qualidade do resultado.
“Para o 4T24, esperamos um cenário mais positivo, com uma
melhora sazonal, redução no custo de crédito e maior aceleração na
concessão de crédito. No entanto, a deterioração do segmento agro e
uma alíquota de imposto baixa e não sustentável devem pesar na
reação do mercado”, avalia.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão
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